A frase do professor de Psicologia da Aprendizagem e do
Desenvolvimento e da Personalidade do Instituto de Psicologia da USP – José
Leon Crochik – nos faz pensar na influência digital na aprendizagem, questão
bastante pensada e discutida atualmente no ambiente escolar.
A questão principal é como essa “geração smart” irá aprender e reter o conhecimento.
Do ponto de vista da Neurociência, o uso dessas tecnologias
impacta o funcionamento do cérebro. Segundo o neurocientista Fernando Louzada,
“toda nova ferramenta incluída na vida de uma pessoa passará a ser representada
pelas redes neurais e a fazer parte do corpo. Daí aquela agonia de não poder ligar o celular no voo – parece que falta uma
parte do nosso braço”.
No entanto, não há como afirmar se há diferença no cérebro
dos que já nasceram com a internet consolidada. O professor José Leon diz que
temos “uma geração dispersa, mas todos os estímulos dão mensagens similares e,
portanto, são fixadas em nossa memória”.
Geralmente não há o aprofundamento para a compreensão dessa informação.
Todo o aparato tecnológico vai de encontro a faixa etária de
0 à adolescência, pois traz respostas rápidas e recompensas imediatas. O que
preocupa é que crianças e jovens podem aprender a operar aparelhos, mas não
compreenderem o conteúdo que transmitem. Daí, a falsa ideia de autonomia pode
prejudicar o desenvolvimento, pois é fundamental a mediação do adulto na
aprendizagem, desde a primeira infância até a adolescência.
Vygotsky já nos dizia que o ser humano aprende, amadurece e
se desenvolve a partir da relação com o outro.
Como
tudo que é feito em excesso, as crianças precisam combinar o que é digital com
o analógico, os jogos virtuais com os reais/físicos e a escrita digital com a
manual. Quanto maior a variedade de estímulos, maior riqueza de possibilidades
para a aprendizagem.
Segundo a neurocientista Carla Tieppo, “no contexto atual,
no qual os estímulos chegam das mais variadas fontes, é preciso ter atenção
redobrada às atividades que exijam um pouco mais de esforço mental.
Especialmente com as crianças, que ainda estão com o cérebro em construção. O
estímulo por si só, se não for organizado, entendido, se não gerar uma
experiência, só trará estresse”.
Nesse quadro, cabe às escolas e aos educadores uma mudança
nos seus próprios conceitos e nas maneiras de educar – o jovem de hoje gosta de
ser desafiado.
Os seis primeiros anos de vida formam a época que a criança se desenvolve mais do que em qualquer outra época da vida.
A qualidade desse
desenvolvimento depende em grande parte das oportunidades diversificadas de
experimentação e trocas com o outro e com os conhecimentos que adquire na
escola e na família.
Precisamos equilibrar momentos “on” com outros (e muitos)
“off” para que nossas crianças vivenciem, experimentem, cheirem, toquem, coloquem
os pés no chão, convivam com o outro, interajam, mexam na terra, testem suas
hipóteses e busquem novas alternativas e respostas.
O equilíbrio em educação é primordial, necessário e fundamental.
Denise Philot.
Coordenadora Pedagógica do Berçário
ao 1º Ano do Ensino Fundamental.
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