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segunda-feira, 27 de julho de 2015

A GERAÇÃO SMART NÃO É NECESSARIAMENTE INTELIGENTE

A frase do professor de Psicologia da Aprendizagem e do Desenvolvimento e da Personalidade do Instituto de Psicologia da USP – José Leon Crochik – nos faz pensar na influência digital na aprendizagem, questão bastante pensada e discutida atualmente no ambiente escolar.
                                                         

A questão principal é como essa “geração smart” irá aprender e reter o conhecimento.      

        

Do ponto de vista da Neurociência, o uso dessas tecnologias impacta o funcionamento do cérebro. Segundo o neurocientista Fernando Louzada, “toda nova ferramenta incluída na vida de uma pessoa passará a ser representada pelas redes neurais e a fazer parte do corpo. Daí aquela agonia de não poder  ligar o celular no voo – parece que falta uma parte do nosso braço”.
                                    
No entanto, não há como afirmar se há diferença no cérebro dos que já nasceram com a internet consolidada. O professor José Leon diz que temos “uma geração dispersa, mas todos os estímulos dão mensagens similares e, portanto, são fixadas em nossa memória”.

Geralmente não há o aprofundamento para a compreensão dessa informação.


               
Todo o aparato tecnológico vai de encontro a faixa etária de 0 à adolescência, pois traz respostas rápidas e recompensas imediatas. O que preocupa é que crianças e jovens podem aprender a operar aparelhos, mas não compreenderem o conteúdo que transmitem. Daí, a falsa ideia de autonomia pode prejudicar o desenvolvimento, pois é fundamental a mediação do adulto na aprendizagem, desde a primeira infância até a adolescência.
               
Vygotsky já nos dizia que o ser humano aprende, amadurece e se desenvolve a partir da relação com o outro.
                
Como tudo que é feito em excesso, as crianças precisam combinar o que é digital com o analógico, os jogos virtuais com os reais/físicos e a escrita digital com a manual. Quanto maior a variedade de estímulos, maior riqueza de possibilidades para a aprendizagem.
               
Segundo a neurocientista Carla Tieppo, “no contexto atual, no qual os estímulos chegam das mais variadas fontes, é preciso ter atenção redobrada às atividades que exijam um pouco mais de esforço mental. Especialmente com as crianças, que ainda estão com o cérebro em construção. O estímulo por si só, se não for organizado, entendido, se não gerar uma experiência, só trará estresse”.
               
Nesse quadro, cabe às escolas e aos educadores uma mudança nos seus próprios conceitos e nas maneiras de educar – o jovem de hoje gosta de ser desafiado.

               

Os seis primeiros anos de vida formam a época que a criança se desenvolve mais do que em qualquer outra época da vida. 


A qualidade desse desenvolvimento depende em grande parte das oportunidades diversificadas de experimentação e trocas com o outro e com os conhecimentos que adquire na escola e na família.
               
Precisamos equilibrar momentos “on” com outros (e muitos) “off” para que nossas crianças vivenciem, experimentem, cheirem, toquem, coloquem os pés no chão, convivam com o outro, interajam, mexam na terra, testem suas hipóteses e busquem novas alternativas e respostas.

O equilíbrio em educação é primordial, necessário e fundamental.


Denise Philot.
              Coordenadora Pedagógica do Berçário
 ao 1º Ano do Ensino Fundamental.



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