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quarta-feira, 18 de abril de 2018

A AQUISIÇÃO DA SEGUNDA LÍNGUA NA INFÂNCIA

O ensino de uma segunda língua na infância ainda causa desconfiança em algumas pessoas. Umas acham que é desnecessário, outras dizem que a criança pode desenvolver o segundo idioma mais tarde, sem que haja prejuízo nesse aprendizado. Porém um fato é inquestionável: a criança que aprende uma segunda língua na infância não enxerga a sua língua materna como regra, ela é capaz de vislumbrar outros idiomas e desenvolver outras habilidades que a ajudam a se desenvolver com plenitude.

 
Outro ponto inquestionável é que todo ser humano nasce com o cérebro pronto para aprender línguas. Inclusive tal habilidade é mais aguçada entre os dois e quatro anos de idade e, conforme os anos vão passando, a capacidade de aprender novos idiomas com facilidade vai se perdendo, já que o período mais apropriado para a internalização da língua acontece na infância.

Quando o cérebro é estimulado a aprender novas línguas nos primeiros anos, ele responde imediatamente ao estímulo e vemos o aprendizado de idiomas em crianças acontecer de maneira rápida e extremamente eficiente, logo, quando comparamos esse fato com a aprendizagem de idiomas em adultos, percebemos o quão difícil se torna o desenvolvimento da segunda língua.

Nesse sentido, a criança demonstra menos dificuldades durante o processo, pois os sons e o ritmo do segundo idioma não lhe causam estranheza e ela ainda não é capaz de pensar metalinguisticamente sobre essa aprendizagem – sendo esses, fatores favoráveis ao desenvolvimento de uma nova língua.

O cérebro infantil é altamente aberto a diferentes fontes de informação.  A criança que cresce em um ambiente bilíngue tem uma percepção diferenciada do mundo que a cerca. Ela aprende que tudo tem dois ou mais nomes, duas ou mais classificações, assim, ela se torna mais flexível ao interagir com outras pessoas e ao pensar sobre as resoluções dos problemas.

Ademais, a aquisição de uma nova língua e o desenvolvimento da consciência linguística da mesma ocorrem simultaneamente durante o desenvolvimento infantil. A criança, mesmo sem ter ciência, organiza e armazena conhecimento linguístico, nos dois idiomas, através da experiência, da construção de hipóteses e da repetição de palavras e vocábulos que ela ouve, levando em consideração o contexto social em que esses termos foram usados.

O raciocínio lógico de uma criança bilíngue é mais desenvolvido, a capacidade de superar obstáculos e solucionar problemas é muito maior, o que faz com que ela aprenda novos conteúdos e disciplinas com mais facilidade. Os próprios processos de aprendizagem acontecem de forma mais fluida e a captação de informações se dá de maneira mais rápida.

Todo o mecanismo de aquisição de dois idiomas na infância tem impactos diversos na vida da criança, a maneira como ela percebe o mundo e interage com os outros, utilizando as línguas que ela tem aprendido.

O bilíngue consegue se concentrar com mais facilidade. Em ambientes superlotados e barulhentos, ele filtra os ruídos e direciona sua atenção para aquilo que é de seu interesse.

De acordo com um estudo realizado pelo Centro de Neurociências Integradas de São Francisco, nos EUA, o bilinguismo altera o cérebro e, nesse processo, melhora o processamento auditivo e o cognitivo da criança.

O indivíduo bilíngue enxerga muito mais opções ao ter um diálogo, ao tomar uma decisão e ao planejar uma ação, pois está acostumado a manejar duas línguas diferentes. Assim, o mundo, para ele, é muito mais complexo e cheio de possibilidades.



Renata Pontes Barreiros
Coordenadora Pedagógica do Bilíngue

            Graduada em Letras - UERJ

Pós Graduada no Ensino de Línguas - UERJ

Mestre em Educação – Área de Currículo e Linguagem - UFRJ

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