Eles
são dramáticos, irracionais e fazem cena sem aparentemente nenhuma razão. Eles
têm uma profunda necessidade de maior independência como preparação para a vida
adulta, mas ainda precisam do carinho que recebiam quando eram crianças.
Após
a infância, a mudança mais radical no cérebro dos humanos acontece justamente
na adolescência. Seja você um adolescente, pai de um ou apenas alguém que é
obrigado a conviver com eles, acompanhe 10 que deveria saber sobre o cérebro
durante essa fase da vida:
1. Período crítico de desenvolvimento
Vagamente definida como o período
entre 11 a 19 anos, a adolescência é considerada um período crítico de
desenvolvimento – e não apenas na aparência.
“O cérebro continua a mudar ao longo
da vida, mas há grandes saltos no desenvolvimento durante a adolescência”,
explica Sara Johnson.
E assim como um adolescente pode
passar por um processo de crescimento desajeitado, ele pode também adquirir
novas habilidades cognitivas e competências durante essa fase da vida, conta
Sheryl Feinstein, autora da obra “Dentro do Cérebro Adolescente: Ser Pai é um
Trabalho em Progresso”.
“Os pais devem entender que não
importa quão alto o seu filho já está ou quão adulta sua filha se veste, eles
ainda estão em período de desenvolvimento, que irá afetar o resto da sua vida”,
ressalta Johnson.
2. Cérebro ainda florescendo
Os cientistas costumavam pensar que
apenas bebês possuíam uma superabundância de conexões neuronais, que são
“podadas” em um arranjo mais eficiente ao longo dos três primeiros anos de
vida.
No entanto, estudos de imagens
cerebrais feitos nos últimos anos descobriram que uma segunda explosão de
brotamento neuronal acontece logo antes da puberdade. O pico ocorre aos 11 anos
para as meninas e aos 12 nos meninos.
As experiências de adolescentes –
desde ler romances de vampiros até aprender a dirigir – moldam esta nova massa
cinzenta, seguindo principalmente a estratégia de “use ou esqueça”, diz
Johnson. A reorganização estrutural continua até os 25 anos de idade, apesar de
pequenas mudanças permanecerem por toda a vida.
3. Novas competências mentais
Devido ao aumento da massa cerebral,
o cérebro adolescente se torna mais interligado e ganha poder de processamento,
explica Johnson.
“Adolescentes começam a ter as
habilidades computacionais e de tomada de decisão de um adulto, caso tenham
determinado tempo e acesso à informação”, diz.
Porém, no calor do momento, suas
decisões podem ser excessivamente influenciadas pela emoção, tendo em vista que
seus cérebros confiam mais no sistema límbico (o banco emocional do cérebro) do
que o córtex pré-frontal, mais racional, conta Feinstein.
“Esta dualidade de competência do
adolescente pode ser muito confuso para os pais”, comenta Johnson. Isso
significa que, por vezes, os adolescentes fazem coisas estranhas como socar a
parede ou dirigir rápido demais, mas quando perguntados da razão, eles não
conseguem achar motivos racionais para seus atos.
4. Birras adolescentes
Adolescentes estão no meio da
aquisição de novos conjuntos de habilidades incríveis, especialmente quando se
trata de comportamento social e pensamento abstrato.
Entretanto, eles ainda não são bons
em usar essas novas capacidades mentais. E quem acaba sendo os cobaias?
Principalmente, os pais. Muitos adolescentes veem o conflito como um tipo de
autoexpressão e podem ter dificuldade para se concentrar em uma ideia abstrata
ou para compreender o ponto de vista dos outros.
Assim como quando se lida com as
birras de primeira infância, os pais precisam se lembrar de que o comportamento
teen “não é uma afronta pessoal”, aconselha Johnson.
“Eles estão lidando com uma enorme
quantidade de informações sociais, emocionais e cognitivas, e têm habilidades
subdesenvolvidas para lidar com isso. Eles precisam de seus pais – as pessoas
com o cérebro adulto mais estável – para ajudá-los, mantendo a calma,
ouvindo-os e sendo bons modelos”, acrescenta Feinstein.
5. Emoções intensas
“A puberdade é o início de mudanças
importantes no sistema límbico”, diz Johnson, referindo-se à parte do cérebro
que não só ajuda a regular o ritmo cardíaco e os níveis de açúcar no sangue,
mas também é fundamental para a formação de memórias e emoções.
Parte do sistema límbico, a amídala
liga as informações sensoriais às respostas emocionais. O seu desenvolvimento,
juntamente com as alterações hormonais, pode dar origem a novas experiências
intensas de raiva, medo, agressividade (inclusive para si mesmo), excitação e
atração sexual.
Ao longo da adolescência, o sistema
límbico está sob maior controle do córtex pré-frontal, a área logo atrás da
testa, associada com o planejamento, o controle de impulsos e o pensamento de
ordem superior.
Enquanto outras áreas do cérebro
começam a ajudar a processar a emoção, os adolescentes mais velhos ganham mais
equilíbrio nesta área. Até lá, porém, muitas vezes eles são mal-interpretados
por professores e pais, diz Feinstein.
“Você pode ter todo o cuidado
possível e ainda assim causar choro ou raiva porque eles simplesmente
interpretam mal o que você diz”, completa.
6. O prazer de ter amigos
À medida que os adolescentes se
tornam melhores no pensamento abstrato, sua ansiedade social aumenta, de acordo
com pesquisas.
O raciocínio abstrato torna possível
considerar as perspectivas a partir dos olhos do outro. Os adolescentes podem
usar esta nova habilidade para especular sobre o que os outros estão pensando
deles. Em particular, a aprovação dos amigos tem se mostrado altamente
gratificante para o cérebro adolescente, conta Johnson, e pode ser a razão pela
qual adolescentes são mais propensos a correr riscos quando outros adolescentes
estão ao redor.
“Crianças realmente se importam com
parecer ‘legais’, nem é preciso uma investigação sobre o cérebro para saber
isso”, disse ela.
Amigos também fornecem aos
adolescentes uma oportunidade para aprender habilidades como negociação de
compromisso e planejamento em grupo. “Eles estão praticando habilidades sociais
de adultos em um ambiente seguro, e realmente não são bons nisso no começo”,
conta Feinstein. Assim, mesmo que tudo que eles façam seja conversar com seus
amigos, os adolescentes estão trabalhando duro para adquirir habilidades
importantes para a vida.
7. A percepção de riscos
“Os freios são acionados um pouco
mais tarde do que o acelerador do cérebro”, compara Johnson, referindo-se ao
desenvolvimento do córtex pré-frontal e o sistema límbico, respectivamente. Ou seja, “os adolescentes precisam de
doses mais elevadas de risco para sentir a mesma quantidade de emoção dos
adultos”, explica.
Juntas, essas alterações podem tornar
os adolescentes vulneráveis ao envolvimento em comportamentos de risco, tais
como uso de drogas, envolvimento em brigas, etc. Ao final da adolescência,
aproximadamente dos 17 anos em diante, a parte do cérebro responsável pelo
controle dos impulsos e pela perspectiva de longo prazo ajuda os adolescentes a
refletir melhor sobre alguns dos comportamentos que eles tiveram no meio da
adolescência.
Então, o que um pai pode fazer?
“Continuar sendo um pai para seu filho”, afirma Johnson. “Como todas as
crianças, os adolescentes têm vulnerabilidades específicas de desenvolvimento e
precisam que os pais limitem o seu comportamento”, acrescenta.
8. A importância (ainda) grande dos pais
Segundo Feinstein, um levantamento com
adolescentes revelou que 84% pensa muito em sua mãe e 89% em seu pai. E mais de
três quartos das adolescentes gostam de passar tempo com seus pais: 79% curtem
a presença da mãe e 76% gosta de se divertir com o pai.
Uma das tarefas da adolescência é a
separação da família, o que cria uma certa autonomia, observa Feinstein, mas
isso não significa que os adolescentes não precisam mais dos pais – mesmo que
digam o contrário.
“Eles ainda necessitam de algum apoio
e procuram seus pais para fornecer esse apoio”, explica.
“Um pai que decide
tratar o filho de 16 ou 17 anos como um adulto está se comportando de forma
injusta e condenando-o ao fracasso na vida adulta”.
Uma das melhores maneiras de ser um
bom pai para um adolescente, além de ser um bom ouvinte, é ser um bom modelo,
especialmente ao lidar com o estresse e outras dificuldades da vida. Os
adolescentes estão constantemente tentando descobrir como superar esses novos
desafios, e observar os pais nessas situações é natural.
9. A necessidade
(ainda) grande de sono
É um mito que os adolescentes
precisam de menos sono que as crianças. Ambos necessitam de 9 a 10 horas por
noite, embora a maioria não atinja a marca desejada. Parte do problema é uma
mudança no ritmo circadiano durante a adolescência. “Faz sentido para o corpo
do adolescente levantar mais tarde e ficar acordado até mais tarde”, diz
Johnson.
Porém, devido aos horários das aulas,
muitos adolescentes acumulam o débito de sono e “tornam-se cada vez mais
prejudicados cognitivamente”, comenta Johnson. A privação de sono só agrava o
mau humor e atrapalha a tomada de decisão. Além disso, o sono auxilia na
reorganização crítica do cérebro adolescente.
10. “Eu sou o centro do universo – e este universo não é bom o suficiente!”
As alterações hormonais na puberdade
têm enormes efeitos no cérebro, uma das quais é o estímulo à produção de mais
receptores de ocitocina.
Enquanto a ocitocina é frequentemente
descrita como o “hormônio do vínculo afetivo”, a maior sensibilidade aos seus
efeitos no sistema límbico também tem sido associada à sensação de
autoconsciência, fazendo com que um adolescente realmente pense que todos estão
olhando para ele. Segundo pesquisadores, esses sentimentos atingem o pico em
torno dos 15 anos de idade.
Embora isso possa fazer com que um
adolescente pareça egocêntrico (e em sua defesa, eles têm que enfrentar muita
coisa acontecendo ao mesmo tempo), as mudanças no cérebro adolescente podem
igualmente impulsionar alguns dos esforços mais idealistas enfrentados pelos
jovens ao longo da história.
“É a primeira vez que eles estão
vendo a si mesmos no mundo”, diz Johnson. Seu sentido de maior autonomia abre
os olhos para o que está além de suas famílias e da escola. “Eles estão se
perguntando talvez pela primeira vez que tipo de pessoa querem ser e que tipo
de lugar querem que o mundo seja”, acrescenta. [LiveScience]
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