Em
geral, quando criamos uma releitura a partir uma história lida, nos apropriamos
dessa história e a subjugamos aos nossos interesses.
Uma parte dela se conserva (uma espécie de núcleo
da história), mas outra é acrescentada, por isso, as histórias não permanecem
exatamente iguais com o passar dos anos. É isso que torna tão instigante, ainda
hoje, a leitura de histórias tão antigas.
O
elemento fantástico presente enquanto maravilhoso nessas narrativas
cumpre a função de garantir que se trata de outra dimensão, de outro mundo, com
possibilidades e lógicas diferentes. Assim fazendo, os argumentos da razão e da
coerência já são barrados na porta, e a festa pode começar sem suas incômodas presenças,
bastando pronunciar as palavras mágicas Era uma vez... como uma
senha de entrada.
Vivemos
num momento em que a mutação dos meios dessas histórias atingiu um ponto de
virada: a tradição oral cedeu espaço ao império das imagens. Hoje, tudo o que
se diz deve ser ilustrado. Os sons, os silêncios, a entonação e a capacidade
dramática, que faziam a glória de um bom contador de histórias, foram substituídos
pelas capacidades narrativas dos estúdios de cinema, da televisão e dos
ilustradores de livros e quadrinhos. O que nos interessa é o fato de muitas
histórias terem subsistido através desses novos meios e perdurarem, evocando as
mesmas emoções. Nosso propósito é encontrar velhas tramas mesmo que estejam vestindo
novos trajes. Seguiremos os rastros dos mitos de todos os povos, lendas de
todas as culturas, histórias de todos os tempos, para que nossos alunos
compreendam o imaginário humano na constituição do mundo em que estão inseridos.
Texto (baseado no livro "Fadas no Divã"- Diana Lischtenstein- Corso)
Glaucia Bustamante
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